Sobre a Mostra Ifé

Mostra de Cinema Ifé

A 3° Mostra de Cinema IFÉ reúne obras audiovisuais produzidas por realizadores ou coletivos negres, indígenas, LGBTQIA+ de diversos estados do Brasil. Em 2023, a Mostra acontece gratuitamente com atividades presenciais, na cidade do Rio de Janeiro (Cinema Nosso – Lapa).

A proposta da Mostra é valorizar a diversidade da produção cinematográfica brasileira, através da disseminação dos trabalhos que têm sido desenvolvidos por realizadores negres, indígenas, LGBTQIA+ no país nos últimos anos, e aprofundar o debate em torno de elementos teóricos e técnicos que constituem uma produção audiovisual.

De 28 a 29 de setembro de 2023, a programação reúne 20 filmes produzidos por realizadores ou coletivos negres, indígenas, LGBTQIA+. A curadoria, assinada por  Milena Manfredini e Rafa Bqueer, realizou um sensível processo de pesquisa curatorial selecionando obras audiovisuais, de distintos gêneros e formatos (curtas, vídeo-perfomance, documentários e outros).

Os filmes estão divididos em cinco programas temáticos: Memória do Tempo e Movimento Espiralar; Tecnologias de Guerra e Cura; Memória, Diáspora e Reinvenção; Alteridades e Fabulações Dissidentes. Acompanhando as exibições, os Programas contam ainda com debate com os realizadores.

Além das produções audiovisuais, espaços de formação também estão garantidos na Mostra. Serão quatro edições de painéis formativos e duas oficinas de audiovisual (criando um curta-metragem e de fotografia).

A dupla Mariana Campos (Cineasta) e Ana Beatriz Silva (Produtora Cultural) assinam a direção da Mostra. A MOSTRA IFÉ é uma realização da Timoneira Produções Artísticas e a edição de 2023 tem  o apoio da RioFilme.

 

IFÉ para TODES!!

Texto curatorial

Dobrar a língua em direção ao céu da boca: memórias, tecnologias e fabulações dissidentes

“Se eu não tivesse me definido para mim mesma, teria sido esmagada pelas fantasias que outras pessoas fazem de mim e teria sido comida viva” 

(Audre Lorde)

“Você não pode se esquecer de onde você é e nem de onde você veio, porque assim você sabe quem você é e para onde você vai’  

(Ailton Krenak)

Quantos caminhos tem a palavra? Dobrar a língua em direção ao céu da boca é mergulhar dentro de si própria, alcançar os sentidos ocultos, descobrir o poder da própria voz. A mostra de cinema IFÉ 2023 navega por produções que transcendem os lugares comuns, riscam novos caminhos e encruzilhadas, se veste de realeza para ritos de cura e ficção. Entender o gesto e o ritmo como tecnologias para escrever no chão outros futuros possíveis. Que as vozes de nossas pretas velhas reverberam os cantos de uma ciência ancestral e não colonial. Matar a sede de nossa garganta, buscar no céu o infinito e da língua as travessias que nos levarão para outros mundos.

“Dobrar a língua em direção ao céu da boca: Memórias, tecnologias e fabulações dissidentes” é o título e o mote curatorial da Mostra Ifé deste ano que abriga nesta edição 20 obras das mais variadas linguagens. O tema se materializou para nós, enquanto curadoras, a partir das rimas poéticas e visuais germinadas em nosso processo dialógico frente às obras e nas tessituras criadas a partir delas. 

As obras apresentadas nesta constelação curatorial não se circunscrevem apenas à sala escura do cinema, enquanto linguagem e narrativa, muito pelo contrário, estão para além dela propondo um cinema expandido em novas linguagens e práticas que partem de um pensar ancestral que mira o passado para dimensionar futuros não antes imaginados.

Delineamos quatro programas a partir dos vestígios que os filmes deixaram em nossas retinas, memórias e sentidos. Os programas são:“Memória do tempo e movimento espiralar, “Tecnologias de guerra e de cura”, “Memória, diáspora e reinvenção” e “Alteridades e fabulações dissidentes””. Obras que trazem notícias de outras eras e nos anunciam tecnologias e fabulações capazes de desmoronar e reconstruir o que estava posto, propondo novos arranjos estratégicos de cura por meio das imagens que, ainda hoje é uma dos signos mais poderosos de construção e propagação de imaginários.

Milena Manfredini e Rafa Bqueer.
Curadoria

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